O Livro da Revelação

10 03 2013
Apocalipse

Apocalipse

O SIGNIFICADO DO APOCALIPSE

O Apocalipse (“apocalipses,” em Grego, significa revelação) de São João, O Teólogo, é o único livro profético no Novo TestamentoEle nos prediz o inevitável destino da humanidade, o fim do mundo, e o começo de uma eterna vida, e é, portanto, naturalmente colocado no final da Sagrada Escritura.

O Apocalipse é um livro misterioso e sua compreensão é difícilAo mesmo tempo, é esse caráter misterioso do livro que atrai o interesse dos cristãos, bem como dos simples pensadores, esforçando-se para desvendar o significado das visões nele descritasHá um grande número de livros sobre o Apocalipse, dentre os quais podem-se achar coisas absurdas, especialmente naqueles relacionados à nossa literatura atual.

Não deixando de se preocupar com a dificuldade em entender esse livro, nossos iluminados Pais e Professores da Igreja sempre o trataram com grande reverência como um livro inspirado por Deus. Portanto, São Dionísio de Alexandria escreve: “A escuridão deste livro não impede ninguém de impressionar-se com eleE mesmo que eu não entenda tudo o que está escrito nele, isso se dá pela minha incapacidade. Eu não posso ser o juiz de suas verdades ou medir a pobreza de minha mente, sendo guiado mais pela fé do que pelo entendimento. Ele supera o meu entendimento. ” O Beato Jerônimo expressou-se da mesma maneira em relação ao Apocalipse: ” Nele há mais mistérios do que palavrasMas, o que eu estou dizendo? Cada linha deste livro será benéfica ao mundo. “

O Apocalipse não é lido durante a Liturgia porque nos tempo antigos a leitura da Sagrada Escritura era sempre seguida de sua explicação, mas o Apocalipse é muito complexo para ser explicado.

O AUTOR

autor do Apocalipse refere-se a si mesmo com João (Rev. 1:1, 4 e 9, e 22:8). Na opinião dos Santos Pais da Igreja, ele era o Apóstolo João, o amado discípulo de Cristo, que recebeu a denominação de “Teólogo” em função da extensão de seus estudos concernentes à Palavra de Deus. A autoria do Apocalipse é baseada em fatos relatados no próprio Apocalipse, bem como em muitos sinais externos e internosUm dos Evangelhos pertence à pena inspirada de João e também três epístolas às Igrejas. O autor do Apocalipse localiza a si mesmo na Ilha de Patmos “para a Palavra de Deus e Testemunho de Jesus Cristo” (Rev. 1:9). É conhecido na História da Igreja que João foi o único apóstolo sujeito ao encarceramento nesta ilha.

A prova da autoria do Apocalipse por São João o Teólogo está na similaridade deste livro com o Evangelho e as Epístolas, similaridade não apenas em espírito,mas também no estilo de escrever, especialmente em certas expressões característicasPortanto, por exemplo, o Sermão Apostólico é referido como aqui como “Testemunho” ou ” Testamento” (Rev. 1:2-9; 20:4; veja também João 1: 7; 3:11; 21:24; 1João 5:9 -11). Nosso Senhor Jesus Cristo é citado como “A Palavra” (Rev. 19:13 e João 1:1 — 14 e 1 João 1:1) e ” o Cordeiro” (Rev. 5. 6 e 17:14; veja também João 1:36)As palavras proféticas de Zacarias, “ Então eles olharão para mim, aquele a quem haviam transpassado” (Zac. 12:10), ambos no Evangelho e no Apocalipse são cotados da mesma maneira, de acordo com a tradução grega dos “Setenta” (Rev. 1:7 e João 19:37). Algumas diferenças podem ser vistas na linguagem entre o Apocalipse e outros escritos do Apóstolo JoãoElas são explicadas como sendo diferenças do contexto e das circunstâncias de origem dos escritos sagrados do ApóstoloSão João, sendo judeu de nascimento, embora tivesse o domínio da língua grega, encontrava-se encarcerado e fora do ambiente em que se vivia e falava essa língua, naturalmente imprimindo no Apocalipse elementos de sua língua nativa. Isso revela-se ao autor não confundido do Apocalipse que reconhece em seu conteúdo total a marca do grande espírito de amor e contemplação do autor.

São João discípulo de São Papias de Hierápolis refere-se ao autor do Apocalipse como “João o mais velho,” justamente como o Apóstolo se autodenomina em suas epístolas (2 João 1:1 e 3 João 1:1)De grande importância é a opinião do mártir São Justino, que viveu em Éfeso antes de sua conversão ao cristianismo, onde o Apóstolo João também viveu, precedendo-o por alguns anos. Muitos Sagrados Pais do segundo e terceiro séculos valorizam o Apocalipse, como um livro inspirado por Deus e escrito por São João O Teólogo. Um destes foi São Hipólito, um Papa romano e estudante de Irineu de Lions, que escreveu uma apologia sobre o Apocalipse. Outros Pais da Igreja, posteriormente, estavam igualmente convencidos disto como São Efraim da Síria, Epiphanius, O Grande Basílio,Hillary, Athanasios, o Grande, Gregório o Teólogo, Didimos, Ambrósio de Milão, Augustino o Abençoado e Jerônimo o AbençoadoO trigésimo-terceiro cânon do Concílio de Cartago, atribuindo a autoria do Apocalipse a São João o Teólogo, coloca-o na lista dos livros canônicos da Sagrada EscrituraEspecialmente de grande valor é o Testamento de Irineu de Lions sobre a autoria ser de São João o Teólogo porque São Irineu foi um estudante de São Policarpo de Smirna, que por sua vez foi estudante de São João o Teólogo, encabeçando, através de seu guiar apostólico, a Igreja de Smirna.

OBJETIVO DO APOCALIPSE

Antiga Tradição coloca a datação do apocalipse no final do primeiro séculoPor exemplo, São Irineu diz o seguinte: ” O Apocalipse não apareceu muito antes disto e quase em nosso tempo, no final do calendário deDominiciano. ” O historiador Eusébio (no começo do quarto século) informa-nos que escritores pagãos contemporâneos mencionaram o exílio de São João em Patmos e seu testemunho da Palavra de Deus, sendo este evento contemporarizado no ano cinqüenta do calendário de Domiciano (81-96 D. C. ).

Portanto, o Apocalipse foi escrito no final do primeiro século, quando cada uma das sete igrejas da Ásia Menor às quais São João dirige as suas cartas tinham a sua própria história e, de uma maneira ou de outra, tinham determinado a direção de sua vida religiosa. O Cristianismo entre elas já não estava em seu estado original de pureza e verdade, e um pseudo-cristianismo tentava competir com o verdadeiro. Evidentemente, as atividades de São João, que havia passado um longo tempo rezando em Éfeso, simbolizavam um passado distanteOs escritores cristãos dos três primeiros séculos disputavam a designação do local em que o Apocalipse foi escrito, cujo conhecimento que eles tinham era o de ser a ilha de Patmos, mencionada pelo próprio Apóstolo como o lugar onde ele recebeu a revelação (Rev. 1:9-11). Patmos está localizada no Mar Egeu ao sul da cidade de Éfeso e na época representava um lugar de exílio.

Nas primeiras linhas do Apocalipse, São João indica o propósito da Revelação: predizer o destino da Igreja Cristã e do mundo todo. A missão da Igreja Cristã era reviver o mundo através dos sermãos de Cristo, plantar na alma humana a verdadeira fé em Deus, ensiná-lo a viver corretamente e mostrar-lhe o caminho para o Reino dos Céus. No entanto, nem todos receberam os ensinamentos de Cristo de boa vontade. Já dentre os primeiros dias após o Pentecostes, a Igreja encontrou hostilidade e uma consciência oposta ao Cristianismo, primeiramente através dos sacerdotes e escribas judeus e depois dos judeus e pagãos descrentes.

Mesmo durante este primeiro ano do Cristianismo, começou uma perseguição sangrenta aos pregadores do Evangelho. Vagarosamente, esses perseguidores organizaram-se de forma sistemáticaJerusalém tornou-se o primeiro centro na luta contra os cristãosNo início da metade do primeiro século, Roma, com o Imperador Nero (54-68 D. C. ) como seu líder juntou-se ao lado hostil. As perseguições então começaram em Roma, onde o sangue de muitos cristãos foi derramado, incluindo o dos eminentes apóstolos Pedro e PauloMais para o final do primeiro século, a perseguição intensificou-se. O imperador Domiciano decretou a perseguição sistemática de cristãos, primeiramente na Ásia Menor depois em outras partes do Império RomanoSão João o Teólogo, uma vez que escapou incólume de um barril de óleo fervente onde foi colocado, foi exilado por Domiciano na Ilha de Patmos, onde recebeu a revelação, que se referia ao destino da Igreja do mundo todoCom poucas interrupções, a perseguição aos cristãos continuou até o ano de 313, quando o Imperador Constantino proclamou o Edito de Milão, permitindo a livre prática da religião.

Quando viram as perseguições começarem, o Apocalipse foi escrito pelos cristãos para consolar, ensinar e torná-los mais fortes. Ele encobre intenções secretas dos inimigos da Igreja, personificados na besta que emerge do mar (como representativo do hostil poder secular) e na besta que emerge da terra, o falso profeta (que representa a hostilidade do poder pseudo-religioso). Ele também escancara a maior luta da Igreja, a luta contra SatanásEste dragão antigo molda as forças sem Deus da humanidade e as direciona contra a Igreja. No entanto, os sofrimentos daqueles que têm fé não são em vãoAtravés de sua lealdade a Cristo e de sua paciência,eles receberão a recompensa que lhes cabe por herança no CéuNo tempo designado por Deus, as forças hostis contra a Igreja deverão ser julgadas e punidasApós o último julgamento e o julgamento dos ímpios, uma vida eternamente abençoada deverá começar.

O propósito de escrever o Apocalipse era retratar a batalha vindoura entre a Igreja e as forças do mal; mostrar os meios pelos quais Satanás, com a cooperação de seus escravos, declara guerra contra a bondade e a verdade, guiar os fiéis para evitar as tentações, retratar a perdição dos inimigos da igreja e mostrar o triunfo final de Cristo contra o mal.

CONTEÚDO E SIMBOLISMO DO APOCALIPSE

 Apocalipse sempre direcionou a atenção dos cristãos para si mesmos, especialmente no tempo em que várias calamidades e tentações de força singular começaram a perturbar a vida na comunidade cristã.Adicionalmente, as imagens geradas e os mistérios deste livro o tornam de compreensão extremamente difícil, então há sempre um risco de intérpretes imprudentes desviarem para fora dos parâmetros da verdade os cristãos, colocando-lhes esperanças e crenças impossíveis. Por exemplo, o entendimento literal das imagens descritas no livro promove, ainda nos dias de hoje, motivo para o ensinamento do “chiliasma” o reino de mil anos de Cristo na Terra. Já no primeiro século, alguns cristãos interpretando o Apocalipse à luz dos horrores da perseguição, seguravam firmemente a crença de que os “Últimos dias” estavam em suas mãos e que a segunda vinda de Cristo estava próxima.

Durante os últimos vinte séculos, tem havido uma multidão dos mais variados tipos de interpretação do ApocalipseTodas essas interpretações podem ser agrupadas em quatro classesA primeira descreve as visões e símbolos do Apocalipse relacionados aos “Últimos Dias,” o fim do mundo, a emanação do anticristo e a segunda vinda de Cristo. A segunda atribui ao Apocalipse um significado puramente histórico e confina as suas visões a eventos históricos do primeiro século: a perseguição dos cristãos pelos imperadores pagãosA terceira encontra a realização das predições do Apocalipse nos eventos históricos do tempoNesse tipo de interpretação, o Papa de Roma é o anticristo e todas as calamidades do Apocalipse emergem, na realidade, apenas contra a Igreja de Roma, e assim vai. Finalmente, a quarta vê o Apocalipse apenas como uma parábola, afirmando que as visões lá descritas não tem muito senso moral ou proféticoComo devemos ver, esses pontos de vista do Apocalipse não excluem um ao outro, ao contrário, complementam-se.

O Apocalipse só pode ser entendido no contexto da Sagrada EscrituraO princípio de unir muitos eventos históricos em uma só visão profética é característico de muitas visões proféticas, no Antigo e no Novo Testamento. Em outras palavras, eventos espiritualmente relacionados, separados um do outro por séculos ou por milênios, emergem em uma figura profética, unindo elementos de variadas épocas.

Como um exemplo de uma síntese de eventos, alguém pode citar o discurso do Salvador sobre o fim do mundo. Nele, O Senhor fala simultaneamente sobre a destruição de Jerusalém, que só ocorreu trinta anos depois, e sobre o tempo que precede a segunda vinda (Mt 24, Mc 13, Lc 21)A razão para a unificação dos eventos consiste que o primeiro ilustra e explica o segundo. Em vários momentos, as profecias do Antigo Testamento relacionadas à destruição da Babilônia Caldéia falam simultaneamente da alienação durante o reinado do anticristo (Is. 13:14 e 21; Jer caps. 50 e 51). Há muitos exemplos similares nas profecias se os procurarmos e este método está sendo usado pela unidade da Igreja para ajudar a entender a essência dos eventos com base do que já sabemos sobre Ele, deixando de lado detalhes históricos e secundários que não nos explicam nada.

Como podemos ver, o Apocalipse é composto de visões múltiplas dispostas em camadas. A palavra representa o futuro em uma perspectiva do passado e do presente. Portanto, a tempo, as muitas bestas dos capítulos 13-19 e o próprio anticristo e seus predecessores, Epifanes Antióquio (vividamente descrito pelo profeta Daniel nos livros dos Macabeus) e os imperadores Nero e Domiciano (que perseguiram os apóstolos cristãos) são inimigos da Igreja.

As duas testemunhas de Cristo no capítulo 11, possivelmente Enoch e Elias, são os acusadores do anticristo, assim como são os seus protótipos, os Apóstolos Pedro e Paulo e outros pregadores do Evangelho que completaram a sua missão em um mundo hostil ao cristianismoO falso profeta do capítulo 13 é a personificação de todos os propagadores de falsas religiões (Gnose, Heresias, Islamismo, materialismo, Hinduísmo, etc. ), dentre os quais os representantes mais vívidos seriam os anticristos atuais. Para entender porque o Apocalipse reúne diferentes eventos e várias pessoas em uma mesma imagem, devemos ter em conta o fato de que ele não foi escrito apenas para os contemporâneos, mas para os cristãos de todas as épocas, que suportam perseguições e sofrimentos correspondentes.

São João revela métodos comuns de sedução e mostra os meios para resistir a elas a fim de ser fiel a Cristo até a morte.

Similarmente, o Julgamento de Deus, repetido várias vezes no Apocalipse, é o último Julgamento de Deus, assim como haverá Julgamentos separados de Deus para cada nação e indivíduos. Estão incluídos neste julgamento toda a humanidade, durante o tempo de Noé e o julgamento das cidades de Sodoma e Gomorra, durante o tempo de Abraão e o julgamento do Egito durante o tempo de Moisés e o duplo julgamento da Judéia (600 A. C. e depois na sétima década D. C. ) e o julgamento de Nínive, de Babilônia, do Império Romano, Bizâncio, e; algo mais recente, da RússiaAs razões que provocam o julgamento justo de Deus são sempre as mesmas: a falta de lei e de fé das pessoas.

No Apocalipse há uma notável não sincronização de eventos: ele é acima do tempo e sobre o tempo. Isto se deve ao fato de São João contemplar o destino da humanidade de uma perspectiva divina, e não terrena, na qual foi elevado pelo Espírito SantoNo mundo ideal, o tempo pára e o olhar de Deus percebe simultaneamente o passado, o presente e o futuro. Evidentemente, esta é a razão para que o autor do Apocalipse descreva alguns eventos futuros como se eles já tivessem acontecido e alguns do passado como se fossem presente. Por exemplo, a guerra dos anjos e a expulsão de Satanás do céu, eventos que já ocorreram antes da criação do mundo, são descritos como se acontecessem na queda do cristianismo (Rev. cap. 12). No entanto, a ressurreição dos mártires e seu reino no Céu, que atravessa todo no Novo Testamento, é colocado por ele após o julgamento o anticristo e seu profeta (Rev. 20). Portanto, sua revelação misteriosa não é narrada de acordo com uma seqüência cronológica de eventos, mas ao invés disso revela uma grande guerra de Deus contra o mal, que emerge de várias frontes tocando angelicamente a matéria.

Indubitavelmente, algumas profecias apocalípticas já passaram (por exemplo, o destino das sete igrejas na Ásia Menor). Essas profecias cumpridas devem ajudar-nos a compreendermos melhor as que ainda irão se cumprirNo entanto, aplicando a visão apocalíptica a estes ou outros eventos específicos, devemos levar em conta que eles contém elementos de diversas épocasÉ apenas com a conclusão do destino de todos os povos do mundo e com a punição da última criatura de Deus que as visões do Apocalipse serão totalmente realizadas.

O Apocalipse foi escrito por inspiração do Espírito Santo. A fé da humanidade é vagarosa e perde totalmente a visão espiritual, enquandrando-o na “fé” vigente, fazendo sua interpretação correta difícilA devoção contemporânea às paixões pecaminosas explica porque alguns vêem nele apenas uma parábola e até começam a iniciar uma metáfora da segunda vinda de Cristo baseada nele. Os eventos históricos e individuais convencem-nos que isso é uma forma de cegueira, por isso muito do que acontece hoje nos relembra de suas terríveis visões.

O método de interpretar o Apocalipse é mostrado no diagrama em anexoComo podemos ver, o Apóstolo simultaneamente abre várias esferas de sua existência. À mais alta esfera pertence o mundo angelical, a Igreja triunfante no Céu,e a Igreja perseguida na TerraEncabeçando e dirigindo esta esfera de bondade está Nosso Senhor Jesus Cristo, O Filho de Deus e Salvador dos Homens. Abaixo, está a esfera da fraqueza, do mundo descrente, dos pecadores, dos falsos profetas, aqueles que lutavam conscientemente contra Deus (Teomachistas) e demôniosDirigindo todos está o dragão, o anjo caídoPor toda a existência da humanidade estão em guerra uma contra a outra. Durante o desenvolvimento do conflito no mundo, o julgamento de Deus constantemente colocou-se sobre nações e indivíduosNo fim do mundo,o mal aumentará imensamente, e a Igreja na Terra será imensamente enfraquecida e diminuídaEntão nosso Senhor Jesus Cristo virá à Terra,e todas as pessoas ressuscitarão, e o mundo experimentará o Julgamento Final de DeusSatanás e seus colaboradores serão condenado à tortura eterna, mas os justos serão condecorados com a vida eterna no Paraíso.

 A leitura do Apocalipse pode ser dividida em partes:

  1. A figura de Jesus Cristo, introduzida por João, instruindo a revelação às sete igrejas da Ásia Menor (cap. 1).
  1. As cartas às sete igrejas da Ásia Menor (caps. 2 e 3) nas quais, simultaneamente com instruções a estas igrejas, há entrelinhas sobre o destino dos cristãos desde o tempo dos apóstolos até o fim do mundo.
  1. A Visão do Trono de Deus, o Cordeiro de Deus, e a Divina Liturgia Celestial (caps. 4 e 5). Essa Divina Liturgia é suplementada por visões nos capítulos sucedestes.
  1. Após o sexto capítulo, começa a descrição do destino da humanidade. A quebra dos sete selos misteriosos por Cristo, o Cordeiro, serve como o início do relato das várias fases da guerra entre o bem e o mal, entre a Igreja e SatanásEssa guerra, que começa na alma do homem e expande-se em todos os aspectos de sua vida vai ficando maior e crescendo de modo assustador (caps. 20 em diante).
  1. Os anjos com as sete trombetas (caps. 7-10) anunciam o começo das calamidades que devem atingir a humanidade por sua apostasia e pecados. O dano à natureza e manifestações malignas no mundo é descritoAntes desses infortúnios, os fiéis receberão um sinal sagrado sobre suas cabeças, salvando-os dos imorais maus e do destino dos ímpios.
  1. A visão dos sete sinais (caps. 11-14) confirma a humanidade dividida em dois campos opostos e irreconciliáveis de Deus e de SatanásAs forças de Deus estão concentradas dentro da Igreja de Cristo, representadas aqui por uma mulher vestida de sol (Cap. 12) e as forças de Satanás – no reino da besta, o anticristo. A besta que emerge do mar é um símbolo das regras seculares malignas e a besta que emerge da terra um símbolo da deterioração do poder religiosoNesta parte do Apocalipse, um dragão maligno, que organiza e dirige a guerra contra a Igreja é claramente mostrado pela primeira vez. As duas testemunhas de Cristo simbolizam os pregadores de Cristo que lutam contra a besta.
  1. As visões dos sete cálices (caps. 15-17) mostram uma figura direta da decadência moral. A guerra contra a Igreja começa extremamente tensa (Rev. 16:16), com provas de dificuldade intransponível. Essa guerra chama-se Armagedon. A imagem da Babilônia, a prostituta,representa a humanidade, que saqueou Deus e está residindo na capital do reino da besta, o anticristo. A força maligna espalhou sua influência em áreas em que humanos apenas pecam, esperando o julgamento de Deus (que virá, como foi descrito em detalhes)
  1. Nos próximos capítulos (Caps. 18 e19), o julgamento de Babilônia é descrito em detalhes. Aqui está a perdição dos acusados de causar mal aos homens — o anticristo e falso profeta, representantes da civilização civil e herética anticristã.
  1. O capítulo 20 é uma síntese de toda guerra espiritual e de toda história. Ele fala de Satanás sendo condenado duas vezes e do reino dos mártires. Havendo sofrido fisicamente, eles são vitoriosos fisicamente e já são benditos no céuAqui, começamos no tempo dos apóstolos, todo período da Igreja é revisadoGog e Magog personificam a união de todas as forças contra DeusEles são exterminados na segunda vinda de Cristo. Finalmente, ela fala da punição eterna de Satanás, a antiga serpente, a sem lei, a responsável por toda mentira e sofrimento no universoO fim do vigésimo capítulo é uma descrição da ressurreição dos mortos, o último julgamento, e a punição dos infiéisEssa última descrição sumariza o último julgamento da humanidade e dos anjos caídos e todo o drama da guerra entre o bem e o mal.
  1. Os dois últimos capítulos (caps. 21 e 22) descrevem a nova terra, o novo céu e a vida abençoada dos salvos. Estes são os capítulos mais alegres e gloriosos da Bíblia.

Cada parte do Apocalipse geralmente começa com as palavras “E eu vi” e termina com o julgamento de Deus. Essa descrição recorta o final de um capítulo precedente e o começo de um novo. Entre as principais partes do Apocalipse, o vidente algumas vezes faz certas observações imediatas que soam como um link cego entre elas. O diagrama usado aqui vividamente mostra o plano e as divisões do Apocalipse. Para fins de brevidade, combinamos as observações intermediárias junto com as principaisMovendo-se horizontalmente através do diagrama, vemos que gradualmente e mais completamente os seguintes segmentos são revelados: O Reino dos Céus, a Igreja (perseguida na Terra), a luta entre Deus e os pecadores, as regiões próximas, a guerra entre elas e o Julgamento de Deus.

O Significado dos Símbolos e Números: símbolos e enfeites permitem ao vidente falar sobre a essência de eventos terrenos num nível muito alto de generalização, portanto eles são extensamente usados. Por exemplo, os olhos simbolizam conhecimento e muitos olhos simbolizam o perfeito conhecimento. Um corno é um símbolo de poder da menteUma coroa, de distinção imperial e a brancura, de limpeza ou pureza. A cidade de Jerusalém,o templo, e Israel, são símbolos da IgrejaOs números também têm um significado simbólico: o três simboliza a Trindade; o quatro é o símbolo do mundo e da ordem no mundo; o sete denota a compleição e a perfeição; doze denota o povo de Deus e a frutificação da Igreja (os números derivado de 12, como 24 e 144000 têm o mesmo significado)Um terço denota uma parte relativamente pequena; três anos e meio o tempo das perseguiçõesO número 666 será especificamente falado abaixo.

Eventos no Novo Testamento são freqüentemente retratados em molduras comparando-os ao Antigo Testamento. Por exemplo, a perseguição da Igreja é descrita durante o sofrimento dos israelitas no Egito, as tentações do profeta Balaão, perseguido pela rainha Jezabel e a destruição de Jerusalém pelos Caldeus. Os salvadores dos fiéis do demônio são retratados no salvamento dos israelitas durante o tempo do profeta Moises. A punição das forças contra Deus é apresentada na execução de dez egípcios e o demônio é identificado como a serpente que tentou Adão e EvaA Benção Paradisíaca Futura é uma miragem do Jardim do Édem e da Árvore da Vida.

A principal tarefa do Apocalipse consiste em mostrar o modo com que as forças do mal trabalham e quem as organiza e direciona na luta contra a Igreja, ensinando e tornando cada vez mais forte a fé e a lealdade a Cristo, retratando a derrota completa de Satanás e de seus servos e o início da Era Paradisíaca.

Apesar de todo o simbolismo e o mistério do Apocalipse, as verdades religiosas contidas nele são reveladas muito claramente. Por exemplo, o Apocalipse aponta o Satanás como o culpado por todas as tentações e tribulações da humanidadeAs maneiras pelas quais ele tenta perder a humanidade são sempre as mesmas: descrença, desobediência a Deus, orgulho, desejos impuros, mentiras, medo, dúvida, etcA despeito de toda a sua experiênciaSatanás não é capaz de se fazer perder as pessoas devotadas a Deus em seu coração, porque Deus as protege através de suas bênçãosSatanás atrai para si mais e mais escravos entre os pecadores e aqueles que se afastaram de Deus e acreditam em vários atos abomináveis e crimesEle dirige-os contra a Igreja e através deles causa todas as guerras e violência no mundo. O Apocalipse claramente mostra que no finalSatanás e seus servos serão banidos e punidos e que a Igreja de Cristo triunfará e que o mundo renovado começará uma nova vida abençoada, sem fim.

Já que fizemos uma revisão dos conteúdos e do simbolismo do Apocalipse, devemos agora considerar algumas de suas partes mais importante

CARTAS AS SETE IGREJAS (CAP 2-3)

 As Sete Igrejas — aquelas de Éfeso (2:1-7), Smirna (2:8-11), Pergamos (2:12-17), Thiatira (2:18-29), Sardes (3:1-6), Filadélfia (3:7-13) e Laodicéia (3:14-22) — Localizavam-se no sudoeste da Ásia Menor, hoje TurquiaElas foram encontradas pelo Apóstolo Paulo na quarta década do primeiro séculoApós a morte martírica de São Paulo em Roma em torno de 67 D. C. São João o Teólogo tomou para si o cuidado destas igrejas e ministrou-as por um período de quarenta anos. Ficando encarcerado na Ilha de Patmos, São João escreveu cartas à essas igrejas para preparar os cristãos para as perseguições vindourasAs cartas eram endereçadas aos “Anjos” das igrejas, isto é, a seus bispos.

Um estudo cuidadoso das cartas às sete igrejas da Ásia Menor faz pensar que nelas está delineado o destino da Igreja Cristã, do período apostólico até o fim do mundo, incluindo o iminente nível denominado no Novo Testamento de “Nova Israel,” que é descartada do cenário dos mais importantes eventos do Antigo Testamento de Israel, começando com a queda no Paraíso e terminando com os tempos dos Fariseus e Saduceus nos dias de Jesus CristoSão João escreve sobre eventos do Antigo Testamento como forma de exemplos para o destino da Igreja do Novo Testamento. Portanto, há três elementos interagindo nas cartas às sete igrejas: a) as condições prevalentes na época do autor e o futuro da Ásia Menor, b) uma nova e mais profunda interpretação da história do Antigo Testamento, c) o destino da igreja ainda por vir. A combinação destes três elementos nas cartas às sete igrejas estão resumidas no diagrama.

Nota: a Igreja de Éfeso era a mais populosa e tinha o status de metrópole frente a outras igrejas asiáticas vizinhas. Em 431 D. C. , o Terceiro Conselho Ecumênico realizou-se em ÉfesoJustamente como São João havia predito, a luz da Cristandade na Igreja de Éfeso gradualmente morreu. Pergamos era o centro político da Ásia Menor, dominada pelo paganismo com um culto elaborado a imperadores deificados. Em uma colina próxima a Pergamos, o Apocalipse chama de “Trono de Satã” um magnífico monumento destinado a sacrifícios (Rev. 2:13-17). Os Nicolaitas eram anciãos gnósticos heréticosA Gnose tornou-se uma tentação para a Igreja nos primeiros séculos do Cristianismo. A cultura sincretizada ao tempo vigente era um terreno favorável para o desenvolvimento de idéias gnósticasEla espalhou-se com o Império de Alexandre da Macedônia (Alexandre o Grande) que enraizou-se no Leste e no Oeste. As percepções religiões no Oeste, a crença na batalha eterna entre o bem e o mal, espírito e matéria, corpo e alma, luz e escuridão, juntamente com a modo de ser especulativo dos Gregos, deu fermento a vários sistemas gnósticos, que caracteristicamente ensinavam que tudo emana do “Absoluto,” e há uma série de degraus na criação, unindo o mundo com o “Absoluto. “ Naturalmente o Cristianismo nos tempos helenísticos perigosamente era interpretado em termos gnósticos e as verdades cristãs eram transformadas em verdades gnósticas. Jesus Cristo era visto como o intermediário (canal) entre o mundo e o Absoluto.

Um dos primeiros a espalhar a Gnose entre os cristãos foi um certo Nicolai (Nicholas) daí o termo Nicolaitas no Apocalipse. (Pensa-se que Nicolai estava entre os seis homens escolhidos e ordenados pelos Apóstolos para serem diáconos; ver Atos 6:5) Distorcendo a fé cristã, os gnósticos encorajaram uma decadência moralComeçando no princípio do primeiro século, algumas seitas gnósticas floresceram na Ásia MenorOs Apóstolos Pedro, Paulo e Judas advertiram os cristão para que não fossem enganados por esses debochadoresRepresentantes proeminentes da Gnose foram os hereges Valentinus, Márcio e Basílio, sobre os quais os homens letrados da Igreja e os primeiros Pais falaram contra.

As seitas gnósticas desapareceram com o tempo, mas a Gnose como pedra da escola filosófico-religiosa ainda existe em nossos dias na teosofia, cabala, maçonaria, hinduísmo contemporâneo, Ioga e vários outros cultos.

AS SETE TROMBETAS, OS ESCOLHIDOS E O INCIO DAS CALAMIDADES

As trombetas dos anjos prevêm as calamidades da humanidade, tanto físicas quanto espirituaisMas antes do início destas, São João vê um anjo marcando a testa dos filhos da Nova Israel (Rev. 7: 1-8). “Israel ” é a Igreja do Novo TestamentoA marca simboliza seleção e proteção. Essa visão lembra o sacramento da crisma, durante o qual “a marca do Espírito Santo” é conferida sobre as sobrancelhas dos novos batizados. Ela lembra o sinal da Cruz, que ” protege contra os inimigos. ” As pessoas que não são protegidas pela marca sagrada sofrem pelo dano dos gafanhotos que emanam do abismo, isto é, do poder de Satanás (Rev. 9:4). O Profeta Ezequiel descreve a mesma impressão dos cidadãos justos de Jerusalém antes que ela fosse tomada pela forças caldéiasEntão, como sabemos, uma marca misteriosa foi colocada com o propósito de salvar os justos do destino dos impuros (Ezeq 9:4). Ao contar as doze tribos de Israel pelo nome (Rev. cap. 7) a tribo de Dã foi propositalmente omitidaAlguns vêem nisto a indicação de que o anticristo viria desta tribo. Este pensamento é baseado nas palavras enigmáticas do Patriarca Jacó em relação aos futuros descendentes de Dã: “ uma serpente no caminho, uma víbora na estrada” (Gen 49:17).

Portanto, a presente visão serve como uma introdução à subseqüente descrição da perseguição da IgrejaA medida do Templo de Deus o capítulo onze tem o mesmo significado da marcação dos filhos de Israel: a preservação das crianças da Igreja do malO Templo de Deus, como a mulher vestida de sol e a cidade de Jerusalém são diferentes símbolos da Igreja de Cristo. O básico destas vistas é que a Igreja é santa e querida por Deus. Deus permite as perseguições com o objetivo de atingir a perfeição moral dos que têm fé mas os protege da escravidão do mal e do mesmo destino dos ímpiosAntes da remoção do sétimo selo a um silêncio de “aproximadamente meia hora” (Rev. 8:1). Esta é a calma antes da tempestade que irá apedrejar o mundo durante o tempo do anticristo. (Não parece que esse processo de desarmamento resultante da dissolução do comunismo seja uma intervenção, dada à humanidade para a sua conversão a Deus?)Antes do início das calamidades São João vê os santos rezando ardentemente para misericórdia para a humanidade (Rev. 8: 3-5).

Calamidades da natureza:segundo isto, o som das trombetas reverbera de cada um dos sete anjos, depois do qual várias calamidades começamPrimeiro, um terço da vegetação morre, depois um terço dos peixes e de outras criaturas marinhas, que é seguido do envenenamento dos rios e fontes de águaCairá gelo e fogo sobre a terra, uma estrela de luz e calor contínuo e uma montanha flamejante. Isto parece apontar para o tamanho das calamidades. Não se parece com uma profecia de contaminação global e destruição da natureza que estamos observando em nosso tempo? Então, as catástrofes ecológicas predizem a vinda do anticristo. Profanando dentro de si mesmos a imagem de Deus, a humanidade cessa de valorizar a o belo mundo de Deus. Com a sua própria recusa, a humanidade polui os lagos, rios e maresCom o derramamento de óleo arriscavastas extensões de praias. Ela destrói selvas e florestas, e aniquila muitas espécies de animais, peixes e aves. Os envenenadores da natureza adoecem por suas próprias ações, assim como fazem de vítimas inocentes de sua cruel ambição. As palavras “o nome da estrela é Absinto. . . e muitos perecerão porque as águas ficarão amargas” lembra-nos a catástrofe de Chernobyl porque Chernobyl significa Absinto. Mas o que significa a destruição de um terço do sol e da estrela e o eclipse (Rev8:11-12)? Evidentemente esta é uma discussão considerando que a poluição do ar chegue a tal ponto que a luz do sol e das estrelas chegando à Terra pareça menos brilhante. (Por exemplo, devido à poluição do ar em Los Angeles, o Sol aparece de uma cor marrom-suja, e algumas vezes à noite, com exceção das mais brilhantes, as estrela são dificilmente vistas). A narrativa dos gafanhotos (a quinta trombeta, Rev. 9:1-11), que emanam do abismo, fala sobre o fortalecimento dos poderes demoníacos entre as pessoas. Entitulando-o “Apolo,” que significa “o destruidor,” forma um vácuo espiritual com ele, que é preenchido mais e mais pela força demoníaca, que por sua vez o atormenta com dúvidas e várias paixões.

As guerras Apocalípticas : a trombeta do sexto anjo põe em movimento um grande exército do outro lado do Rio Eufrates, onde um terço da humanidade é perdida (Rev. 9:13-21). Na representação bíblica, o Rio Eufrates é a fronteira onde as nações hostis a Deus concentram-se, ameaçando guerrear e destruir JerusalémPara o Império Romano, o Rio Eufrates era como uma proteção contra os ataques das tribos do lesteO nono capítulo do Apocalipse foi escrito contra o cruel e sangrento cenário da guerra entre judeus e romanos de 66 a 70 D. C. , que ainda estava fresca na memória de São JoãoEssa guerra teve três fases (Rev. 8:13). A primeira fase da guerra, em que Gasius comandou as forças romanas por cinco meses, de Maio a Setembro de 66 (cinco meses de gafanhotos Rev. 9:5 e 10). Logo começou a segunda fase da guerra, de Outubro a Novembro do ano 66, quando o governador sírio Cestius encabeçou quatro legiões romanas (quatro anjos pelo Rio Eufrates, Rev. 9:14). Essa fase da guerra foi especialmente arruinadora para os judeus. A terceira fase da guerra, sob o comando de Flavius Flavianum durou três anos e meio, de Abril 67, D. C. , até Setembro 70 D. C. e terminou com a queda de Jerusalém, o incêndio do templo e a dispersão dos judeus cativos através do império romano. Essa sangrenta guerra era o protótipo de outras terríveis guerras de anos posteriores, que o Salvador apontou-nos no Sermão do Monte das Oliveiras (Mat. 24:7). Nos atributos dos gafanhotos do inferno e das hordas do Eufrates pode-se reconhecer armas contemporâneas de exterminação em massa, tanques, canhões, aviões de guerra e mísseis nuclearesOs seguintes capítulos do Apocalipse descrevem graficamente as crescentes guerras dos últimos tempos (Rev. 11:7, 16:12-16, 17:14, 19:11-19, e 20:7-8). As palavras “ as águas do Rio Eufrates secaram, então os reis do Oeste devem estar preparados” (Rev. 16:12) podem apontar para um perigo posterior para o Ocidente vindo da Ásia. Em conjunto, deve-se considerar que a descrição do Apocalipse refere-se a guerras verdadeiras, mas o resumo final refere-se a uma guerra espiritual, cujo nome próprio e data tem um significado alegórico. Portanto São Paulo explica: “ não estamos lutando contra carne e sangue, mas contra principados, contra as forças espirituais do mal que vivem no mundo celestial, os governos, as autoridades e os poderes do universo desta época de escuridão (Efs. 6:12).

O nome Armagedon é composto de duas palavras: “Ar” (significando um nível de terra em hebraico) e “Megido” (uma área ao norte da Terra Santa, perto do Monte Carmelo, onde em tempos antigos Baraque pos-se à frente dos exércitos comandados por Sísera e o profeta Elias executou mais de quinhentos sacerdotes de Baal; Rev. 16:16, 17:14; Juízes 4:2-16, 1Reis 18:40) ã À luz desses eventos bíblicos, o Armagedon simboliza Cristo lutando contra os poderes dos ateus. Os nomes Gog e Magog no capítulo 20 relembram-nos dos usados na profecia de Ezequiel sobre a invasão de Jerusalém por um número indeterminado de regimentos sobre aliderança de Gog, da terra de Magog (sul do Mar Cáspio; Ezeq caps. 38 e 39; Rev. 20:7-8). Ezequiel atribui essa profecia ao tempo do Messias. No Apocalipse, o cerco do “ campo dos santos e da cidade amada [a Igreja]”pelos regimentos de Gog e Magog e a destruição destes regimentos pelo povo visto do céu deve ser visto como a total destruição das forças; ímpias ambas humanas e demoníacas, na Segunda Vinda de Cristo.Em relação às calamidades físicas e à punição dos pecadores, que é sempre mencionada no Apocalipse, o Profeta mesmo explica que Deus permite uma lição aos pecadores para levá-los ao arrependimento (Rev. 9:21).No entanto, o Apóstolo menciona tristemente que a humanidade não valoriza o chamado de Deus, continuando a pecar e a servir os demônios, isto é, como tomando “o amargor em seus próprios lábios”, as pessoas estão correndo para a perdiçãoA visão das duas testemunhas (Rev. 11:2-12). O décimo e undécimo capítulos ocupam um lugar intermediário entre as visões das sete trombetas e dos sete sinais. Nas duas testemunhas de Deus, alguns Santos Pais da Igreja vêem os justos do Antigo Testamento Elias e Enoque,que virão à Terra antes do fim do mundo para escancarar a falsidade do anticristo e chamar a humanidade à lealdade total a Deus. Ou os dois possam ser Moisés e EliasÉ sabido que ambos, Elias e Enoque foram levados vivos ao céu (Gen. 5: 24, 2 Reis 2:11). A principal punição que essas testemunhas imporão à humanidadelembra os milagres do Profeta Moisés, Aarão e Elias (Ex. caps. 7 a 12, 1 Reis 17:1, 2 Reis 1:10). Os Apóstolos Pedro e Paulo, que haviam sofrido recentemente em Roma devido a Nero, podem ter servido como exemplos (protótipos) das duas testemunhas de São João. Evidentemente, essas duas testemunhas do Apocalipse simbolizam outras testemunhas de Cristo que espalham o Evangelho em um ambiente hostil de um mundo pagão e freqüentemente selam a sua pregação por uma morte martírica. As palavras “ Sodoma e Egito, onde o Nosso Senhor é crucificado” apontam para a cidade de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus Cristo sofreu, bem como muitos profetas e os primeiros cristãos.

LITURGIA CELESTIAL

São João recebeu a revelação no “Dia do Senhor,” isto é, no DomingoDeve ser lembrado que, de acordo com o costume dos Apóstolos, neste dia era feita a “Partilha do Pão”, isto é, a Divina Liturgia, e que ele havia recebido a comunhão e, portanto, estava “em estado de graça”, o que significa um estado especial de inspiração (Rev. 1:10). Então, a primeira coisa revelada a ele foi a continuação da Liturgia que ele tinha acabado de celebrar, A Divina Liturgia CelestialÉ esta a Divina Liturgia Celestial que São João descreve no quarto e quinto capítulos do ApocalipseUm cristão ortodoxo reconhece aqui traços familiares da Liturgia Dominical e os atributos mais importantes do altar: o Santo dos Santos, o Candelabro de sete braços, o incensório,o cálice dourado, etc. (Estes itens foram mostrados a Moisés no Monte Sinai e também foram usados nos templos do Antigo Testamento. O cordeiro sacrificado de Deus, do modo que é visto pelo Apóstolo, relembra as comunhões de fé em forma de pão deixadas no altarAs almas desses mártires da Palavra de Deus, abaixo do altar celestial evocando os antimions (a roupa especial colocada no meio do altar onde estão as sete relíquias dos sete mártires). Os mais velhos paramentam-se com coroas douradas sobre suas cabeças como uma assembléia do clero em uma co-celebração da Divina Liturgia. Isto pode ser notado pelas várias proclamações e orações do Apóstolo no Céus expressando a essência das exclamações e orações do clero e do coro recitados na principal parte da Liturgia — O Cânon Eucarístico. O branqueamento das vestes dos piedosos pelo “sangue do cordeiro” (Cap. 7) refere-se à consagração das almas dos fiéis durante o Sacramento da ComunhãoDesta maneira, o Apóstolo inicia o relato do destino da humanidade com a descrição da Divina Liturgia no qual ele enfatiza o significado espiritual desta e a necessidade dos santos rezarem por nós.

 Nota: as palavras “Judá é um filhote de leão” referem-se ao Senhor Jesus Cristo e lembram-nos da Profecia do Patriarca Jacó em relação ao Messias (Gen. 49: 9-10). Os “sete espíritos de Deus” referem-se à plenitude dos dons do Espírito Santo abençoados por Deus (Is 11:2 e Zac. cap. 4). A multidão de olhos simboliza a omnisciênciaOs vinte e quatro anciãos correspondem às vinte e quatro sucessões eclesiásticas estabelecidas pelo Rei Davi para o serviço dos templos, havendo dois intercessores para cada geração de Israel (1 Cron. 24: 1-18). As quatro criaturas misteriosas circundando o trono são similares às criaturas da visão do Profeta Ezequiel (Ez. 1: 5-19). Elas, evidentemente, são criaturas próximas a DeusAs imagens de um homem, um leão, um touro e uma águia, são vistos pela Igreja como simbolizando os quatro evangelistas.

Em uma descrição posterior do mundo celestial, encontramos muitas coisas que nos são incompreensíveisNo Apocalipse aprendemos que o mundo angelical é extremamente vastoOs espíritos sem corpo, os Anjos, são criados como o homem pelo sábio criador, possuindo um intelecto e livre arbítrio, embora as suas capacidades espirituais excedam as nossas. Os Anjos são completamente devotados a Deus e o servem pela prece e pela obediência à sua vontade. Por exemplo, eles carregam para o Altar de Deus as preces dos Santos (Rev. 8:3), eles auxiliam os merecedores a conservar a salvação (Rev. 8:7, 9:15, 15:6, 16:1). Eles são revestidos de poder e brilham sobre a natureza e seus elementos (Rev. 10:1, 18:1). Eles fazem guerra a Satanás e seus demônios (Rev. 12:7 -10, 19:19, 20 -2-3) e eles tomam parte no julgamento dos inimigos de Deus (Rev. 19:4).

O ensino do Apocalipse em relação ao mundo angelical basicamente descarta pela raiz as antigas seitas gnósticas, que aceitavam a presença de intermediários (canais) entre o Absoluto e o mundo material, que era completamente auto-suficiente e independe do criador do mundo.

Dentre os santos que São João vê no Céu, há dois grupos ou duas “imagens ” colocadasEstas são os mártires e as virgensHistoricamente, o martírio é a primeira ordem de santidade, e é por isto que o Apóstolo começa com os mártires (Rev. 6:9-11). Ele vê as almas por entre o Altar Sacrifical Celestial, o que significa a redenção de seus sofrimentos e de sua morte, pelo qual eles participaram dos sofrimentos de Cristo e de alguma forma os complementaram. O sangue dos mártires pode ser comparado ao sangue das vítimas do Antigo Testamento que fluía abaixo do altar de sacrifícios no Templo de JerusalémA história do Cristianismo testifica o fato de que o sofrimento dos antigos mártires serve como um rejuvenescimento moral neste patético mundo pagãoO antigo escritor Tertuliano escreveu que o sangue dos mártires serve como sementes para novos cristãosA perseguição da fé irá algumas vezes retrair-se e outras florescer durante a subseqüente existência da Igreja, e esta foi a razão pelo qual foi revelado ao Profeta que novos mártires suplementariam o número dos já existentes.

Mais tarde, São João vê uma inumerável multidão no Céu, impossível de se contar, de todas as tribos, nações, gerações e línguas. Estavam vestindo branco e seguravam palmas (Rev. 7:9- 17) em suas mãosO fator comum dessa assembléia era o direito “deles terem vindo de grandes aflições”Para todas essas pessoas, o caminho para o Paraíso é o mesmo  através do sofrimento. Cristo, como o primeiro sofredor, tomou sobre si os pecados do mundo como o cordeiro de Deus. As palmas brancas são os símbolos da vitória sobre Satanás.

Em uma visão especial, o profeta descreve os virgens, isto é, pessoas que negaram ao si mesmas o consolo de uma vida conjugal para servir completamente a Cristo. Eles são os “ eunucos voluntários” para a causa do Reino dos Céus (Mat 19:12, Rev. 14:1-5). Na Igreja essa condição era geralmente conseguida seguindo a vida monástica. O profeta escreve sobre as testas dos virgens o “O Nome do Pai”, que aponta para a sua beleza moral, refletindo a perfeição do Criador. O “ Novo Hino” que eles cantam e ninguém pode repetir expressa a sua elevação espiritual alcançada pelo jejum, pela oração e pela castidade. Essa pureza não pode ser adquirida por aqueles que vivem de maneira mundana.

A canção de Moisés cantada pelos vencedores na próxima visão (Rev15: 2-8) relembra o hino de gratidão dos israelenses quando, após cruzarem o Mar Vermelho, foram salvos do exército egípcio (Êxodo cap. 15). De qualquer forma, o Israel do Novo Testamento é libertada das regras e influência de Satanás, passando por um estado de graça através do sacramento do Batismo. Nas visões subseqüentes, o profeta descreve os santos ainda diversas vezesA preciosa vestimenta branca que eles usavam era um símbolo de sua correçãoNo capítulo 19 do Apocalipse a canção de casamento dos salvos fala-nos sobre a proximidade do “casamento” entre o Cordeiro e os santos—da vinda da mais próxima comunhão entre Deus e os Justos (Rev. 19: 1-9, 21: 3-4). O livro da revelação termina com a descrição da vida abençoada que as pessoas salvas(Rev. 21:24-27,22: 12-14 e 17) teriam. Estas são as paginas mais alegres e gloriosas da Bíblia, mostrando a Igreja Triunfante no Reino da Glória.

Portanto, com a revelação gradual do destino do mundo, o Apocalipse de São João mostra diretamente a atenção espiritual da fé em relação ao Reino dos Céus — o último objetivo divino para nossas fantasias terrenas.Ele fala dos eventos desagradáveis do mundo pecaminoso como se fosse obrigado a fazê-lo, contra a sua vontade.

 SETE SELOS E QUATRO CAVALEIROS

visão dos sete selos age como uma introdução às revelações subseqüentes do apocalipseA remoção do primeiro selo apresenta os quatro cavalheiros, que simbolizam quatro fatores caracterizando a história completa da humanidadeOs dois primeiros aparecem como razão, e os dois últimos, como conseqüência. O condutor coroado no cavalo branco “saiu para ser vitorioso”. Ele personifica esses bons inícios, com o qual o criador enriquece a humanidade: a imagem de Deus, a pureza moral e a inocência, a aspiração direcionada a Deus e à perfeição, a habilidade de acreditar e amar, e os “talentos individuais” com os quais cada homem nasce,bem como os dons abençoados do Espírito Santo que o homem recebe da Igreja. No plano do criador, esses bons inícios devem ser vitoriosos; eles devem ser capazes de definir um futuro feliz para a humanidade.No entanto, já no Éden, o homem começou a sofrer por cair em tentação. A sua natureza, corrompida pelo pecado, passou a seus descendentes, por isso as pessoas são inclinadas ao pecado já em idades muito pequenasAtravés da repetição dos pecados, as más tendências são reforçadasEntão, o homem, ao invés de crescer espiritualmente e aperfeiçoar-se, cai sobre a influência arruinadora de suas próprias paixões, sucumbe a vários desejos pecaminosos, começa a invejar e a odiar. Todos os crimes no mundo originam-se da raiva entre os homens (violência, guerra e toda a sorte de infortúnios).

As ações arruinadoras das paixões são simbolizadas pelo cavalo vermelho brilhante e seu condutor, “que leva embora a paz dos homens. ” Sucumbindo a seus desejos pecaminosos desordenados, o homem desperdiça todos os seus talentos dados por Deus, e torna-se empobrecido em seu corpo e em sua alma. Dentro da vida social, o ódio e as guerras levam ao enfraquecimento e divisão da comunidade e à perda de suas fontes materiais e espirituais. Esse empobrecimento interno e externo da humanidade é simbolizado pelo cavalo negro e seu condutor, que segura um par de balanças em sua mãoPor fim, a perda total das bênçãos de Deus leva a uma morte espiritual e como conseqüência final o ódio e as guerras trazem a ruína da sociedade e a morte da humanidade. Este destino lamentável da humanidade é simbolizado pelo cavalo esverdeado, como a cor da morte.

Os quatro cavalheiros do Apocalipse mostram a história da humanidade da forma mais simples possívelNo início, a vida abençoada no Éden de nossos ancestrais, chamada de “regra natural” (o cavalo branco); então eles caem da graça (o cavalo vermelho brilhante); depois disto as suas vidas e as de seus descendentes são preenchidas com várias tristezas e aniquilações mútuas (os cavalos negro e o esverdeado). Os cavalos do Apocalipse também simbolizam a vida de vários reinos individuais, com seus períodos de prosperidade e declínioAqui também está uma etapa da vida de cada homem: a pureza e inocência de sua infância, seus grandes potenciais, que são obscurecidos pelas tempestades da juventude onde o homem dissipa o seu vigor e a sua saúde e o fim quando ele morre. Aqui está a História da Igreja: a perseguição espiritual durante os tempos apostólicos e os esforços da Igreja para renovar a sociedade. No entanto, a própria Igreja levantou heresias e cismas e as comunidades pagãs aumentaram as suas perseguições. A Igreja enfraqueceu e refugiou-se nas catacumbas e algumas dessas igrejas locais desapareceram totalmente. Portanto, a visão dos quatro cavalheiros sumariza os fatores que caracterizaram a vida da humanidade pecadora. Este tema será mais desenvolvido nos capítulos posterioresPela remoção do quinto selo, o Profeta mostra o lado brilhante das calamidades da humanidadeOs cristãos que sofreram fisicamente são vitoriosos espiritualmente; eles estão agora no Paraíso(Rev. 6:9-11). Seus feitos dão a eles recompensas eternas e eles estão com Cristo, como descrito no capítulo vinte. A transição de uma descrição mais detalhada das dificuldades da Igreja e da fortificação dos ímpios é simbolizada pela remoção do sétimo selo.

OS SETE SINAIS, A IGREJA E O REINO DA BESTA

Quanto mais se lê, mais precisamente a Revelação do Profeta divide a humanidade em dois campos opostos — a Igreja e o reino da besta. Os capítulos precedentes começaram a informar melhor o leitor sobre a Igreja, falando sobre as marcas, sobre o Templo de Jerusalém e sobre as duas testemunhasO vigésimo capítulo mostra a Igreja na sua Glória Celestial e simultaneamente revela a sua maior ameaça, o diabo-dragãoA visão da mulher vestida de sol e a do dragão torna óbvio que a guerra entre Deus e Satanás começa além das fronteiras do mundo material e extende-se até o mundo dos anjos. O Apóstolo descreve a existência de um ser demoníaco erudizado no mundo não-corpóreo, que declara guerra desesperadamente aqueles comprometidos com Deus, anjos e homensEssa guerra entre o bem e o mal, que penetra na essência da humanidade, já começou no mundo angelical antes da criação do mundo material. Como localizamos, o Profeta descreve a guerra em várias partes do Apocalipse, não em uma seqüência cronológicas mas em vários fragmentos.

A visão da mulher lembra a promessa de Deus a Adão e Eva sobre o Messias (a semente da mulher), que iria esmagar a cabeça da serpente (Gen. 3:15). Pode ter sido assumido que esta mulher refere-se à Virgem Maria, no entanto, referências posteriores nas quais os descendentes distantes da mulher (os cristãos) são mencionados, é evidente que, aqui, a mulher deve ser considerada a Igreja. A radiação do Sol circundando a mulher simboliza a perfeição moral dos santos e a abençoada iluminação da Igreja através dos dons do Espírito Santo. As doze estrelas simbolizam as doze tribos da nova Israel — isto é, a unificação dos povos cristãos. A agonia da mulher durante o parto simboliza a exploração, privação e sofrimentos dos servos de Deus (os profetas, os apóstolos e seus sucessores), durante a divulgação do Evangelho por todo o mundo e durante a confirmação das virtudes cristãs através de seus filhos espirituais (aqueles que eram batizados). São Paulo escreve aos cristãos de Gálatas: “Minhas crianças, as quais eu dolorosamente pari novamente para que Cristo estivesse em vocês (Gal. 4:19).

O primeiro parto da mulher “do qual foi dito que governará todas as nações com um cetro de aço” é o Nosso Senhor Jesus Cristo (Sal 2:9, Rev. 12:5 e 19:15). Ele é o novo Adão, e tornou-se a cabeça da Igreja. O “rapto” da criança obviamente aponta para a ascensão de Cristo aos Céus, onde Ele toma o seu lugar como a “Mão Direita de Deus” e desde então Ele governa o destino do mundo.

O dragão arrastou com seu rabo um terço das estrelas no céu e jogou-as na terra” (Rev. 12:4). Estudiosos entendem essas estrelas como anjos aos quais a Estrela do Dia, Satanás em seu orgulho, incitou a rebelar-se contra Deus, resultando na guerra que irrompeu no Céu. (Esta foi a primeira revolução do Universo!) O Arcanjo Miguel posicionou-se adiante como chefe dos bons anjos. Os anjos revoltados contra Deus sofreram perdas e não puderam mais ficar no CéuDistanciando-se de Deus, eles transformaram-se em demôniosSeu reino nas regiões inferiores, conhecidas como Abismo ou Inferno, tornou-se um lugar de pranto e deescuridão. De acordo com a opinião dos Santos Pais da Igreja, a guerra descrita por São João ocorreu no mundo angelical antes da criação do mundo materialIsto é introduzido aqui para explicar ao leitor que o “dragão” que irá perseguir a Igreja nas visões subseqüentes do Apocalipse é aquele que caiu, a Estrela da Manhã, (Lúcifer), inimigo de Deus desde tempos imemoriais.

Portanto, sendo derrotado no Céu, o dragão com toda a sua raiva furiosa armar-se-à contra a mulher (a Igreja). Suas armas são as várias tentações as quais ele direciona à mulher que assemelham-se a um rio selvagem. No entanto, ela se salva fugindo para o deserto, isto é, por uma recusa voluntária dos benefícios e confortos da vida, pelos quais o dragão tenta encantá-laOs dois anéis da mulher são a oração e o jejum, com os quais os cristãos espiritualizam-se e tornam-se imunes às armadilhas do dragão, que continua rastejando pelo mundo como uma serpente (Gen. 3:14; veja também Mc 9:29)Convém-nos recordar que muitos cristãos zelosos dos primeiros séculos, adiantando-se, já haviam literalmente migrado para os desertos, deixando as cidades barulhentas e cheias de tentações. Nas cavernas remotas, nos lugares ermos e nos mosteiros, eles davam todo o seu tempo em oração e pensamentos para Deus, e eram capazes de atingir níveis espirituais que os cristãos modernos não podem sequer imaginar. O Monasticismo floresceu no Leste durante o quarto e o sétimo séculos, onde em regiões desertas do Egito, Palestina, Síria e Ásia Menor muitas comunidades eremitas e mosteiros foram formados por centenas de monges e freiras. Do Leste próximo, o Monasticismo expandiu-se para Athos, e de lá para a Rússia, onde no tempo pré-revolucionário havia centenas de comunidades eremitas e mosteiros.

 Nota: a expressão “tempos, tempo e metade de um tempo” — 1260 dias e 42 meses (Rev. 12:6-15) — corresponde a três anos e meio e simbolicamente significa o período de perseguiçõesO ministério público de Cristo continuou por três anos e meioAs perseguições tomaram aproximadamente a mesma duração durante o reinado do Rei Antióquio Epifânio e os Imperadores Nero e Domiciano. Todavia, as data do Apocalipse devem ser entendidas alegoricamente (ver acima).

A besta que veio do mar e a besta que saiu da terra (Rev. Caps. 13-14).

A maioria dos Santos Pais da Igreja entendem “ a besta que saiu do mar” como o anticristo e “a besta que saiu da terra” como o falso profeta. O mar representa a massa descrente da humanidade, sempre sem descanso e envolvida com suas próprias paixões. De narrativas posteriores da besta e uma narrativa paralela do Profeta Daniel (Dan. Caps. 7-8) conclui-se que a besta é o império totalmente ímpio do anticristo. Em sua aparência exterior, o dragão-diabo e a besta que veio do mar, ao qual ele passa o seu comando, assemelham-se um ao outro. Seus atributos externos denotam sua furtividade, crueldade e indecência moralAs cabeças e os cornos da besta os estados ateus que compreendem o império do anticristo, bem como os seus governadores (reis) e a revelação da ferida mortal de uma das cabeças da besta e de sua cura é enigmáticaEm seu tempo, os eventos por eles próprios dariam luz ao significado dessas palavras. A base histórica para esta particularidade pode ser provida por muitos contemporâneos de São João de que o morto Nero voltou à vida e que ele retornaria brevemente às forças que devem ser encontradas do outro lado do Rio Eufrates (Rev. 9:14 e 16:12) para vingar-se de seus inimigos. Pode ser que aqui haja um relato da derrota do paganismo ateu pela Fé Cristã e um renascimento do paganismo durante a apostasia geral do Cristianismo (Veja detalhes sobre isto no livreto “Fim do mundo e Vida Eterna”).

 Nota: observe como há traços comuns entre a Besta do Apocalipse e as quatro bestas que o Profeta Daniel personifica nos quatro impérios pagãos (Dan cap. 7). A quarta besta refere-se ao Império Romano, e o décimo corno da última besta simboliza o governador sírio Antíoco Epifanes  como um protótipo do anticristo que virá, que o Arcanjo Gabriel chama de “o desprezível” (Dan. 11:21). As características e as ações da besta apocalíptica têm muito em comum com o décimo corno do Profeta Daniel (Dan. 7:8-12, 20-25, 8:10-26, 11:21-45). Os primeiros dois livros dos Macabeus servem como uma ilustração vívida dos tempos antes do fim do mundo.

Subseqüentemente, o Profeta descreve a besta que saiu da terra que depois ele denomina de falso profeta. Aqui, a terra simboliza a total ausência de espiritualidade nos ensinamentos do falso profeta, que são completamente permeados de materialismo e gratificação dos prazeres carnaisO falso profeta seduz o povo com falsos milagres e força-os a curvarem-se perante a primeira besta: “ele tem dois cornos como um cordeiro e fala como um dragão” (Rev. 13:11); isto é, ele aparenta ser meigo e pacífico mas seus discursos são cheios de bajulação e mentiras.

Como no undécimo capítulo, as duas testemunhas simbolizam todos os servos de CristoÉ evidente que as duas bestas no décimo terceiro capítulo simbolizam a união de tudo que odeia o Cristianismo. A besta do mar simboliza as autoridades civis ímpias e a besta que saiu da terra o falso profeta e todas as autoridades da Igreja desviadas.

Como no tempo do Salvador na terra, esses dois poderes — o civil e o religioso, nas pessoas de Pilatos e dos líderes religiosos judeus — uniram-se para sentenciar Cristo à crucificação, então em toda a história da humanidade esses dois poderes freqüentemente se unem para lutar contra a fé e perseguirem os fiéisExemplos são o Profeta Balaão e o Rei Moabita, a Rainha Jezebel e seus sacerdotes, os falsos profetas e príncipes antes da destruição de Israel e depois da Judéia, “apóstatas do Pacto Sagrado,” Rei Antióquio Epifanes (Dan. 8:23, 1Macb. e 2 Macb. Cap. 9) e finalmente os seguidores da Lei de Moisés e os administradores romanos durante o tempo dos apóstolosNos primeiros séculos do Cristianismo, heréticos e falsos professores minaram a Igreja com seus cismas o que ajudou nas bem sucedidas conquistas dos árabes e turcos que arruinaram o Leste Cristão ortodoxo. Os pensadores livres russos pavimentaram o caminho para a revolução e pseudo-profetas corromperam Cristãos instáveis na fé em várias seitas e cultos. Todos eles se manifestam como falsos profetas colaborando no sucesso das forças que lutam contra Deus. O Apocalipse revela vividamente o suporte mútuo entre o dragão-diabo e as duas bestasCada um é cheio de seus planos egoístas: Satanás tem sede de obediência a ele; o anti-cristo procura o seu poder e o falso profeta procura ganho material. Como a Igreja clama às pessoas a terem fé em Deus e fortificar as suas virtudes, a Igreja é um obstáculo para eles, que lutam contra ela.

O Selo da besta (Rev. 13:16- 17, 14:9-11, 15:2, 16:2, 19:20, 20:4). Na linguagem da Sagrada Escritura, colocar um selo (ou marcar) denota pertencer ou ser subordinado a alguémNos já mencionamos que a marca (ou o nome de Deus) na testa dos escolhidos denota que eles foram selecionados por Deus e têm, conseqüentemente, a proteção de Deus sobre eles (Rev. 3:12; 7:2-3; 9:4; 14:1; 22:4). A atividade do falso profeta,descrita no décimo terceiro capítulo do Apocalipse, convence-nos de que o reino da besta será de natureza político-religiosaCriando a união de vários governos, ele irá simultaneamente propagar uma nova religião ao invés da Cristã. Portanto, a submissão de alguém ao anticristo, (simbolicamente falando, por ter a marca da besta na testa ou na mão direita) será a confirmação da renúncia ao Cristo, que resultará na perda do Reino dos Céus. (O símbolo da marca vem de costumes antigos onde os guerreiros queimavam seus braços ou suas testas com o nome de seu comandante, e os escravos, à força ou voluntariamente, eram marcados a ferro quente com o selo do nome de seu mestre. Pagãos devotados a alguma entidade freqüentemente carregam tatuagens de sua divindade particular).

É bem possível que no tempo do anticristo seja introduzido um perfeito sistema computadorizado semelhante aos de cartão de crédito modernosO registro teria um código invisível impresso não em um cartão plástico, como agora, mas diretamente no corpo dos indivíduosEsse código lido em um olho eletrônico será transmitido a uma central que conterá toda a informação pessoal e financeira pertinente relacionada àquela pessoa.Dessa forma, imprimir códigos pessoais diretamente nas pessoas substituirá a necessidade de dinheiro, passaportes, visas, tickets, cheques, cartões de crédito e outros documentos pessoaisGraças ao código individual, os ladrões não terão nada a levarSerá muito fácil para o governo controlar o crime porque os movimentos das pessoas serão conhecidos graças à central computadorizada. Parece que os aspectos positivos desse sistema de codificação pessoal ajudarão a implantá-loNa prática, no entanto, ele também será usado como uma forma de controle político e religioso das pessoas, “quando ninguém poderá vender ou comprar, exceto aqueles que têm a marca” (Rev. 13:17).

É claro que a idéia de estampar códigos nas pessoas é especulaçãoA essência não são as marcas eletromagnéticas mas a fidelidade ou a traição a Cristo! Através da história do Cristianismo, a pressão dos que se acreditam autoridades do anticristo tem sido feita das mais variadas formas: oferecendo um sacrifício formal a um ídolo, a aceitação do Islamismo, a filiação a uma instituição atéia ou anticristãNa linguagem do Apocalipse, a aceitação do “selo da besta” é adquirir vantagens temporárias ao preço da renúncia de Cristo.

 O número da besta é 666 (Rev. 13:18). O significado deste número permanece um mistério até nossos dias. Evidentemente, ele será decifrado quando as circunstâncias assim o permitirem. Alguns estudiosos vêem o número 666 como uma diminuição do número 777, que por sua vez designa a perfeiçãoNo contexto deste entendimento do simbolismo do número, o anticristo, que se esforça de todas as maneiras possíveis para demonstrar a sua superioridade em relação a Cristo, na verdade seria imperfeito de todas as maneiras. Nos tempos antigos, a contagem numérica de um nome baseava-se na idéia de que todas as letras do alfabeto tinham um significado numéricoPor exemplo, na língua grega (e na Igreja Eslava), “A” é igual a 1, “B” a 2, “G” a 3 a por aí segue. Existem significados numéricos semelhantes das letras nos alfabetos latino e hebraico. Cada nome pode ser contabilizado pela adição de valores numéricos a ele. Por exemplo, o nome Jesus em Grego totaliza 888 (possivelmente denotando a perfeição superior)Há uma série de nomes próprios cuja soma de suas letras traduzidas para dígitos é igual ao número 666Um exemplo é o nome de Nero Cesário escrito em hebraico. Neste caso, o nome do anticristo era conhecido, e calcular o seu significado numérico não requeria nenhuma sabedoria especial. Talvez se deva olhar para a solução do quebra-cabeça na área do método, embora não seja claro em qual direção. A besta do Apocalipse refere-se tanto ao anticristo quanto ao seu reino. Pode ser que no tempo do anticristo haverá iniciais designando um novo movimento global? Pela vontade de Deus o nome próprio do anti-cristo permanece escondido de nossa curiosidade preguiçosa até hoje. Quando o tempo vier, aquele que deverá fazê-lo irá decifrá-lo.

 A imagem falante da besta. É difícil entender as palavras do profeta quando ele diz “Lhe foi dado poder para instilar um espírito nela, na imagem da besta, então a imagem da besta pode falar e agir, matando todos que não a adorassem” (Rev. 13:15). O motivo para isto pode ter sido Antiquo Epifanes ordenando aos judeus colocar a estátua de Júpiter, ereta por ele, no Templo de Jerusalém. Mais tarde, o imperador Domiciano ordenou a todos os cidadãos do Império Romano que se curvassem ante a sua própria imagem. Domiciano foi o primeiro imperador a reclamar para si uma reverência divina mesmo em vida e ordenou que o denominassem de “nosso senhor e nosso deus. ” Algumas vezes, para maior efeito, os sacerdotes escondiam-se atrás das estátuas do imperador e professavam o seu nomeFoi decretado que todos os cristãos que não se curvassem perante a imagem de Domiciano fossem executados, enquanto os que obedecessem seriam recompensados. Pode ser que essa profecia do Apocalipse discurse sobre alguns aparatos semelhantes a aparelhos de televisão que transmitam a imagem do anticristo e simultaneamente observem quem reage a eles. Em todo caso, atualmente a televisão e o cinema são largamente utilizados para propagar idéias anticristãs para familiarizar as pessoas à crueldade e à banalidade. Todos os dias, o ato de assistir indiscriminadamente a televisão mata a bondade e a santidade no homemNão é a televisão um precursor da imagem falante da besta?

SETE PRAGAS,FORTALECIMENTO DO PODER DOS ATEUS E JULGAMENTO DOS PECADORES

Nesta parte do Apocalipse, o Profeta descreve o reino da besta, que chegou ao apogeu de seu controle sobre as vidas humanas. O abandono da fé verdadeira espalhou-se por quase toda a humanidade e a Igreja cai em exaustão: “foi dado a ele o poder de combater os santos e vencê-los” (Rev. 13:7). A fim de encorajar os crentes que ainda permaneceram fiéis a Cristo, São João direciona a sua visão ao mundo celestial e mostra uma grande multidão de justos, como os israelitas que foram salvos do Faraó durante o tempo de Moisés, cantando a canção da vitória (Ex caps. 14 e 15).

No entanto, exatamente como o governo do Far chegou ao fim, igualmente os dias do anticristo terminarãoOs capítulos seguintes (16-20) demonstram o julgamento de Deus contra os ateus em passos brilhantes. A destruição da natureza no décimo sexto capítulo é similar à do oitavo, no entanto aqui ela chega a proporções globais e traz uma impressão horrível. Evidentemente, como antes, a destruição da natureza é trazida pela própria humanidade através das guerras e do lixo industrial. Um sofrimento crescente pode ser relacionado à destruição da camada de ozônio da estratosfera e ao aumento do dióxido de carbono da atmosfera. De acordo com a profecia do Salvador, durante o último ano antes do fim do mundo as condições de vida serão tão insuportáveis que “se Deus não tivesse abreviado aqueles dias, nenhuma carne se salvaria” (Mat 24:22).

A descrição do julgamento e das punições nos capítulos 16 a 20 do Apocalipse seguem o padrão de culpa sucessiva dos inimigos de Deus. Os primeiros a serem julgados são aqueles que aceitaram a marca da besta e a cidade capital do império anticristão (Babilônia), então o anticristo e o falso profeta e finalmente, o próprio Satanás.

A narrativa referindo-se à queda da Babilônia é citada duas vezes: primeiro em termos gerais no final do sexto capítulo e depois em mais detalhes nos capítulos 18 e 19A Babilônia é derrotada como a prostituta sentada em cima da besta. O nome Babilônia lembra a Babilônia Caldéia, onde o poder ateu era concentrado nos tempos antigos(Foram as forças caldéias que destruíram a cidade de Jerusalém em 586 A. C. ). Descrevendo a pródiga extravagância da “prostituta,” São João imaginava Roma e sua cidade portuáriaNo entanto, muitos traços atribuídos à Babilônia Apocalíptica não se aplicam a Roma antiga e evidentemente referem-se à capital do anti-cristo.

A explicação detalhada dos anjos no final do décimo sétimo capítulo sobre o “segredo da Babilônia,” referente ao anticristo e seu reino é igualmente enigmática. Provavelmente estes detalhes serão entendidos no futuro, quando o tempo chegar. Algumas das expressões metafóricas são tiradas da descrição de Roma como situada em sete colinas e de seus imperadores ateus“Cinco cabeças (cabeças da besta)cairão” referem-se aos cinco imperadores romanos, de Júlio César a CláudioA sexta cabeça é Nero e a sétima é Vespaciano“E a besta que era, e que não é agora, é a oitava,e ela é do número dos sete” fala de Domiciano, ressuscitando Nero na mente das pessoas. Ele é o anticristo do primeiro séculoNo entanto, o simbolismo do décimo sétimo capítulo tem provavelmente uma nova explicação para o tempo do último anticristo.

O JULGAMENTO CONTRA BABILÔNIA, O ANTI-CRISTO E OS FALSOS PROFETA

observador apresenta o quadro da queda da capital do Império dos infieis, que ele chama de Babilônia, em linhas vivas e vibrantes. Esta descrição assemelha-se as profecias de Isaías e Jeremias relativas a queda da Babilônia caldaica em 539 A.C. (Isa. cap. 13-14; 21:9; e Jer. ch. 50-51). Há muita semelhança entre o centro do mal no passado e no futuro. A punição do anticristo (a besta) e do falso profeta é descrita de modo especial. Como já dissemos, a besta é uma personalidade específica do último dos antagonistas de Deus e, simultaneamente, personificação de todo e qualquer poder contrário a Deus. O falso profeta é o último falso profeta (ajudante do anticristo), bem como a personificação de todo poder pseudo-religioso ou corrupto.

É importante entender que na punição da Babilônia, do anticristo, do falso profeta (cap. 17-19), e do diabo (cap. 20), São João não segue uma ordem cronológica de narrativa, mas faz uso de um método de interpretação de acordo com princípios que explicaremos agora.

Na sua totalidade, as Sagradas Escrituras afirmam que o reinado dos antagonistas de Deus terá fim por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando perecerão o anticristo e o falso profeta. O Juízo Final de Deus contra o mundo acontecerá na ordem de culpabilidade crescente dos acusados “é tempo de dar início ao julgamento a partir da casa de Deus; Caso se inicie a partir de nós, qual será o fim dos que não se sujeitaram a palavra de Deus?” (1 Pedro 4:17; Mat. 25:31-46). Primeiramente serão julgados os cristãos, a seguir os incrédulos e pecadores, depois os inimigos conscientes de Deus, e finalmente, os principais responsáveis por todas as iniquidades do mundo, os demônios e o diabo. Nesta mesma ordem o Apóstolo João narra o julgamento dos inimigos de Deus nos capítulos 17-20. Com isso, o julgamento de cada categoria dos culpados (os que se afastaram de Deus, anticristos, falsos profetas, e, finalmente o diabo) é precedido pela descrição feita pelo Apóstolo dos elementos da culpabilidade. Em decorrência disso, temos a impressão de que, a princípio, será destruída a Babilônia; algum tempo depois haverá o castigo do anticristo e do falso profeta, após o que, na terra, terá início o reino dos santos e, depois de um tempo muito longo o diabo sairá para seduzir as nações e será então punido por Deus. Em realidade, o Apocalipse trata de eventos paralelos. Este método de exposição do Apóstolo João deve ser levado em conta para interpretar corretamente o capítulo 20 do Apocalipse (vide a brochura do fim do mundo).

O REINO DE MIL  ANOS, O JULGAMENTO DO DIABO, A RESSURREIÇÃO E JUÍZO FINAL

(Cap. 20).

O capítulo 20, falando sobre o reino dos santos e da dupla vitória sobre o diabo, refere-se a todo período de existencia do Cristianismo. Conclui o drama do capítulo 12, sobre a perseguição da Mulher-Igreja, pelo dragão. A primeira vitória sobre o diabo deu-se por ocasião da morte do Salvador na cruz. Neste momento, ele perdeu seu poder sobre o mundo, foi “acorrentado” e “selado no abismo até que se completassem mil anos”; quer dizer, durante um tempo muito longo (Apo. 20:3). “e chegado o momento de ser julgado este mundo e agora seu príncipe será expulso,” assim disse Deus antes dos sofrimentos Dele (João 12:31). Como sabemos do capítulo 12 do Apocalipse bem como de outras passagens das Sagradas Escrituras, o diabo, mesmo depois da morte do Salvador na cruz, continuou tendo possibilidade de seduzir os crentes e atraí-los para suas armadilhas, embora ele já não tivesse poder sobre eles. O Senhor disse aos Seus discípulos: “Eis que vos dei poder para pisotear serpentes, escorpiões, e todo o poder do inimigo” (Luc. 10:19).

Apenas logo antes do fim do mundo, quando em decorrência do afastamento em massa da fé por parte do gênero humano, “o detentor será afastado do seu meio” (2 Tess. 2:7); o diabo dominará a humanidade pecadora uma vez mais, mas só por pouco tempo. Então ele encabeçará a derradeira guerra, desesperada, contra a Igreja (Jerusalém), dirigindo contra ela os exércitos de “Gog e Magog” mas, pela segunda vez será derrotado por Cristo, agora em definitivo. “Edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre Ela” (Mat. 16:18). Os exércitos de Gog e Magog simbolizam a união de todas as forças antagônicas a Deus, humanas e subterrâneas, que o diabo unificará na sua luta insana contra Cristo. Deste modo, a guerra cada vez mais intensa contra a Igreja ao longo da história, termina no capítulo 20 do Apocalipse, com a derrota total do diabo e de seus servos. O capítulo 20 resume a abordagem espiritual desta luta e apresenta seu fim.

O lado agradável da perseguição, aos que se mantiveram firmes na fé, está no fato de que, embora sofrido física e espiritualmente, eles foram espiritualmente vitoriosos sobre o diabo permanecendo fieis a Cristo. A partir do momento de seu martírio e morte eles reinam com Cristo e “julgam” o mundo, participando dos destinos da Igreja e de toda humanidade (Apo. 20:4)-(Por esta razão nós buscamos sua interseção junto ao Criador e esta é a base para a reverencia dos Santos pela Igreja Ortodoxa). Sobre o glorioso destino dos mártires, disse o Senhor: “Quem crê em Mim, mesmo que morra, viverá” (João 11:25). A “Primeira Ressurreição,” no Apocalipse — corresponde ao renascimento espiritual que se inicia no momento do Batismo do que crê, fortalece-se pelas suas ações Cristãs, e atinge seu clímax no momento da morte do mártir em nome de Cristo. Aos espiritualmente renascidos refere-se a promessa: “Virá o tempo e ele já veio, quando os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e ao ouvi-lo, ressuscitarão.” Assim finda a narrativa sobre o julgamento dos que se afastaram de Deus, dos falsos profetas, do anticristo e do diabo.

O capítulo 20 termina com a descrição do Juízo Final. Antes dele acontecer, deve haver a ressurreição total dos mortos — uma ressurreição física, a qual o Apóstolo chama de “segunda ressurreição.” Todas as pessoas serão ressuscitadas fisicamente, os justos e os pecadores. Após a ressurreição de todos “foram abertos livros… e foram julgados os mortos de acordo com o que neles estava escrito.” Ao que tudo indica, então, diante do trono do Juiz, tornar-se-á público o estado espiritual de cada pessoa. Todas as ações obscuras, todas as palavras más, pensamentos e desejos secretos, tudo aquilo que fora cuidadosamente escondido e até mesmo esquecido, será trazido a tona e será conhecido por todos. Terrível será esta visão!

Como há duas ressurreições, assim também há duas mortes. A “primeira morte,” é o estado de incredulidade e pecado, no qual permaneciam as pessoas que não aceitaram o Evangelho. A “segunda morte” é a condenação ao eterno afastamento de Deus. Esta descrição é muito concisa porque o Apóstolo já havia falado anteriormente sobre o Juízo Final (Apo. 6:12-17, 10:7, 11:15, 14:14-20, 16:17-21, 19:19-21, 20:11-15). Aqui o Apóstolo traça as conclusões para o Juízo Final (no profeta Daniel tem-se algo mencionado sucintamente no início do capítulo 12). Com esta breve descrição, o Apóstolo João conclui a descrição da história do gênero humano e passa a descrição da vida eterna dos justos.

NOVO CÉU E NOVA TERRA – BEATITUDE ETERNA

Os últimos dois capítulos do livro do Apocalipse, contem as mais gloriosas e alegres páginas da Bíblia. Elas descrevem a beatitude dos justos sobre a Terra renovada, onde Deus secará cada lágrima dos olhos dos sofredores, onde já não haverá morte, nem lamentos, nem gritos, nem doenças ou choro. Terá início a vida para qual não haverá fim.





Entre memória e espera

7 02 2013

562732_336390426414410_234050320_nFreqüentemente nos sentimos hoje prisioneiros do tempo presente: é como se o homem tivesse perdido a consciência de tomar parte em uma história que o precede e o segue. A essa dificuldade para situar-se entre o passado e o futuro, com espírito de gratidão pelos benefícios recebidos e por aqueles que se esperam, de modo especial as Igrejas do Oriente manifestam um acentuado sentido da continuidade que se pode chamar Tradição e espera escatológica.

A Tradição é patrimônio da Igreja de Cristo, memória viva do Ressuscitado encontrado e testemunhado pelos Apóstolos, que depois transmitiram sua recordação viva e seus sucessores, em uma linha ininterrupta que é garantida pela sucessão apostólica, mediante a imposição das mãos, até os Bispo de hoje.

Essa Tradição se desenvolve no patrimônio histórico e cultural de cada Igreja, modelado nela pelo testemunho do mártires, dos padres e santos, assim como pela fé viva de todos os cristãos no decurso dos séculos, até os novos dias. Não se trata de uma repetição inalterada de fórmulas, mas de um patrimônio que conserva vivo o núcleo kerigmático originário. Essa tradição é a que preserva a Igreja do perigo de recolher somente opiniões mutáveis e garanta a sua certeza e continuidade.

Se a tradição nos situa em continuidade com o passado, a espera escatológica nos abre ao futuro de Deus. Cada Igreja deve lutar contra a tentação de absolutizar o que realiza e, por isso, de auto-celebrar-se ou de abandonar-se ao pessimismo. O tempo é de Deus e tudo o que se realiza não se identifica com a plenitude do Reino, que é sempre dom gratuito.

O Oriente expressa de modo vivo as realidades da tradição e da espera. Toda sua liturgia, em particular, é memorial da salvação e invocação da volta do Senhor. E se a Tradição ensina às Igrejas a fidelidade ao que as gerou, a espera escatológica as impulsiona a ser o que ainda não são em plenitude e que o Senhor quer que cheguem a ser, e, portanto, a buscar sempre caminhos novos de fidelidade, vencendo o pessimismo por estar projetadas para a esperança de Deus que não nos decepciona.